Ela se foi.
Era só um
dia qualquer, como qualquer outro, mais havia algo de diferente. Ela se
arrumava para ir encontra-lo assim como todos os dias, porém mais bonita, e
tinha para si que queria curtir e aproveitar aquele dia como se fosse o ultimo.
Passado um tempo, seu celular toca, era ele, ela abre um largo sorriso e
atende, ele a pergunta aonde vão se encontrar, e ela diz que podia ser no
parque onde sempre ficam juntos, ele concorda e diz que está saindo de casa. Tudo
bem, ela como sempre toda animada se despede de sua mãe e sai ao encontro de
seu amado. Enquanto isso, pelo mesmo caminho de sempre ele sai pensando em tudo
o que já viveu com ela, se perde em meio a tantos pensamentos, tantas
lembranças, claro, que boas. As lembranças e os momentos ruins ele fazia
questão de descartar, não valia a pena lembrar. Lembrou-se de tudo o que passou
pra que pudesse estar ali, indo ao encontro de sua amada, e sorriu óbvio, quem
não sorriria ao lembrar-se de uma história tão bonita? As pessoas que o viam
passar na rua o achava um completo idiota, onde já se viu? Andar pelo meio da
rua com um sorriso daquele no rosto, aparentemente sem motivo algum? Mais ele
tinha, e como tinha motivos pra sorrir, só pelo fato de ela existir já era um
grande motivo. Chegando ao parque, o ponto de encontro dos dois, ele se senta
num banco embaixo de uma grande árvore, uma arvore bonita, um pouco velha, mas
muito bonita. A aguarda ansiosamente como sempre faz, sabia que daqui a alguns
instantes ela estaria chegando, com aquele sorriso encantador, os cabelos
soltos do jeito que ele mais gostava aquele perfume que por onde passa fica, e
taparia seu rosto com as duas mãos e diria: adivinha quem é? E ele diria: sua
bobinha, como não reconhecer a voz mais doce do mundo? Ela se sentaria do seu
lado e lhe daria um beijo. Mas o tempo ia passando e nada dela, ela nunca tinha
demorado tanto assim. Ele resolve ligar para seu celular, ela atende e disse
que se atrasou, mas estava na rua próxima ao parque já chegando. Antes que ele
pudesse dizer ao menos um “tudo bem, estou te esperando”, o telefone fica mudo.
E somente um barulho muito forte é ouvido ao fundo. Muita correria e confusão
era isso que ele podia identificar. Sem saber o que tinha acontecido sem nem
pensar duas vezes, ele se levanta e sai correndo até onde ela estava claro, já
temendo que o pior tivesse acontecido. Chegando ao local ele vê muitas pessoas
juntas ao redor daquilo que aparentava ser um corpo, um corpo de uma jovem,
linda e delicada. Ele não podia acreditar no que via, era ela, sua amada, sua
princesa estava na sua frente, no chão, entre a vida e a morte. Ele se lança
sobre o corpo dela e pede, implora pra que ela seja forte, se mantenha firme,
porque ele não iria abandona-la de forma alguma, ele chorava que nem uma
criança quando lhe roubam o pirulito. O que ele consegue fazer naquele momento
é olhar para o céu e pedir a Deus que cuide e proteja aquela que era o amor da
sua vida. Os bombeiros chegam, a põe na maca colocam dentro da ambulância, e a
levam para o hospital. Ele não a deixa por nenhum segundo, não consegue
acreditar que quem estava vendo encima daquela maca era sua princesa, ele lhe
apertava a mão tão forte como nunca, e o choro já não era mais contido de forma
alguma. Chegando ao hospital tiveram que o separar dela a força, ele gritava,
implorava pra que cuidassem bem dela, pois sem ela não saberia viver. Tudo o
que se passava por sua cabeça agora era toda sua história com ela, ele se
perguntava: porque minha princesa meu Deus? Por quê? Isso não é justo, me leve
no lugar dela, eu lhe imploro. E é claro, ele não era atendido. Minutos, horas
se passavam sem se quer uma noticia de como ela estaria. A agonia que crescia
dentro de seu peito era interminável. A dor que ele estava sentindo não era
maior que a dela, mais doía, de uma forma como ele nunca tinha imaginado que
pudesse sentir uma dor. Já não tinha mais lágrimas para chorar e mesmo assim
continuava. Pegou seu celular, via as fotos dos dois juntos, dela rindo, feliz,
sem se quer uma cicatriz no rosto. Lia as mensagens que eles haviam trocado
poucas horas antes, que sempre terminavam contando do maior sonho dos dois, que
era o casamento. Em meio a tantos eu te amo escritos nas mensagens um sorriso
escapou de seu rosto, mais por um breve segundo, antes que o médico aparecesse
e dissesse que tinha que falar com ele. Já estava doendo demais e ele mesmo sem
perder as esperanças já temia o pior. O médico disse que eles haviam feito de
tudo, tudo o que era possível e o impossível também, para mantê-la viva, mas
não tinha sido o bastante. Ele disse que ela não sobreviveria, e que só tinha
poucos minutos a mais de vida. Ele disse que ela estava acordada, e a única pessoa
pela qual chamava, mesmo que sussurrando, era ele. Aquilo foi como várias
facadas no peito dele, ele desaba em lágrimas ali mesmo, no peito do médico. Não
podia culpa-lo, ele tinha mesmo feito de tudo, mas a dor de perdê-la era maior.
O médico disse que daria a ele esses minutinhos para se despedir dela, mas
pediu que ele fosse forte. Ao entrar no quarto em que ela estava, ele a vê
naquela cama, deitada e mesmo no meio daquela situação, chorando como nunca, ele
via nela a mesma beleza que via naquelas fotos. Quando ela consegue abrir os
olhos e o vê, lágrimas escorrem dos seus olhos, era impossível conter a emoção.
Ele chega perto dela, e lhe da um longo beijo, ele sabia eu iria ser o ultimo. Segura
em sua mão muito forte, e ainda não podia acreditar, pedia dentro de si que
aquilo tudo fosse só um sonho, ou um pesadelo. Mas quando ela abriu a boca pra
falar ele viu que não era. E ela, quase sem forças pra mais nada, diz: quero
que saiba, que eu te amei, desde o segundo em que te vi, e vou te amar
eternamente. Enquanto seu coração bater, vou estar viva de alguma forma, sempre
vou te amar, te proteger e te guiar, porque você sim foi e sempre será o amor
da minha vida. Ele chora, agora mais do que nunca chorou em toda a sua vida, e
antes eu pudesse retribuir ele escuta, o mais temido de todos os barulhos. O aparelho
do coração constatava, ela havia morrido. Ele se desespera, se joga sobre seu
corpo. Os médicos entram, mais vendo que não podiam fazer mais nada, o deixam
lá, para que se despedisse dela da maneira dele. Lhe doía a dor da morte de sua
amada, lhe doía a forma como sua princesinha partiu, agora ele estava
incompleto, ele estava sem seu amor, seu maior amor, estava sem seu motivo pra
viver. E ela se foi sem saber, que naquele dia, naquele mesmo lugar do seu
primeiro encontro, embaixo daquela mesma árvore, ele a esperava com uma
caixinha em suas mãos. A caixinha que continha duas alianças, essas diferentes
da de prata. Ela partiu sem saber, que naquele dia, seria pedida em casamento,
e se tornaria dele para sempre. Mas agora ela podia cuidar e proteger ele de
outra forma. Ela estava bem.
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