O silêncio.
Nunca podemos
dizer que tudo estava bem, sempre há algo que chega pra atrapalhar ou apenas
incomodar, e dessa vez era algo que ela não podia esperar. Mais um dia normal,
assim como qualquer outro estava se seguindo, como o combinado ela marcara de
se encontrar com suas amigas, e pra isso já tinha saído de casa, ligava pra uma
das meninas no momento em que encontra com um amigo seu, ele estava diferente,
seu sorriso não era o mesmo, parecia tremer, sabe quando a pessoa tem que dizer
algo e aquilo esta ali na garganta mais não sai? Pois é, ela percebeu isso
nele, mas como sabia que não ia contar resolveu ficar na dela. Cumprimentaram-se,
ela disse aonde iria e o convidou pra ir também, afinal ele também era amigo
das meninas, mais ele disse que já tinha outros planos. Despediram-se então, e
ele foi para um lado e ela para o outro. Quando ela encontrou suas amigas não
pode deixar de notar que elas também estavam diferentes, e agora querendo ou
não elas iam ter que contar o que estava acontecendo. Depois de muito insistir
uma delas resolve contar. O que ela ouve não lhe agrada nem um pouco, o que ela
sentia dentro de si era uma mistura de raiva, com surpresa e incertezas. Ela acabara
de descobrir que aquele amigo que ela encontrara minutos atrás a amava, sim, a
amava. Isso foi um choque tão grande pra ela que mesmo sentindo várias coisas
ao mesmo tempo ela não tinha reação alguma. Um sentimento de raiva cresceu
dentro de si, de todo ela era a única que não sabia, e justo ela que devia ter
sido a primeira, a saber, foi a ultima, e isso a machucou profundamente. Até porque
ninguém sabia, mas ela já tinha sentido algo parecido por ele também, e agora
isso já não importava mais a nenhum dos dois. A partir dali era uma grande
amizade que estava em jogo. Ela sabia que não podia perdê-lo por nada, mais
tinha que conversar com ele sobre isso. Não sabia ainda se lhe contaria que já
tinha sido afim dele, aquilo podia piorar a situação, mas uma hora ela
contaria. Ela se despede das amigas muito rapidamente, não deixa muito claro o
que iria fazer, só sai, sem rumo, sem destino. De alguma forma tinha que pôr a
cabeça no lugar antes de conversar com ele. Mas totalmente impulsiva como era,
não resistiu muito tempo e ligou pra ele, pedindo para que fosse até seu
encontro, pois tinha que conversar seriamente com ele. Como todo mundo, ele já
teme o pior, mas sem receios vai ao encontro dela. Quando ele chega ao local
combinado ela já esta lá, andando de um lado pro outro, olhando para o chão,
como se a solução de todos os problemas fosse sair de lá de uma hora pra outra.
Ela o vê chegando e o encara, esperando que pela primeira vez ele lhe dissesse toda
a verdade, sem enrolação, sem meios termos, só a verdade. Ele para, a poucos
metros de distância dela e dentro e si ele sabia que ela havia descoberto, mais
cedo ou mais tarde ela ia mesmo saber. Então ele se aproxima, e sem saber o que
fazer só pede desculpas: desculpa por não ter sido eu a te contar, eu sei que
eu devia ter falado, eu sei que você iria querer saber de algo como isso por
mim, mas eu não tive coragem, é como se toda minha coragem sumisse só por estar
perto de você. Ela continua encarando o chão e ele pensa: poxa, esse chão deve
ter algo muito especial. Não, não tinha, o chão era uma maneira de ela escapar
daquilo tudo, olhar para o chão era como olhar para o céu e esquecer-se de
tudo. Mas finalmente ela o encara, dentro dos seus olhos, os olhos dela
brilhavam como ele nunca tinha visto antes. Ela sem saber ao certo por onde
começar e nem como falar só consegue lhe pedir pra que ele nunca a abandone,
não importava o que fosse acontecer. Como ele temia, ela cai no choro,
novamente em seus ombros, cena muito familiar pra eles. Tudo que ele menos
queria era que novamente o silêncio predominasse entre os dois mais foi
exatamente isso que aconteceu. E ele percebeu que estar ali mesmo que em
silêncio ao lado dela, era tudo que ele mais queria, o silêncio dessa vez falou
mais alto.
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