A professora que eu não amei

São longos os anos que passamos na escola, enfrentamos oito anos de ensino fundamental, mais três de ensino médio e coloca na conta ai mais uns quatro ou cinco de faculdade, no total se tudo correr bem, passamos quase quinze anos consecutivos sentados em cadeiras nas salas de aula ouvindo e aprendendo com uma penca de professores diferentes.

Nesses quinze anos de sala de aula devemos passar por ai no mínimo por uns cinquenta professores diferentes entre substitutos e tudo mais, e claro, não vamos gostar de todos eles, em contrapartida alguns nós vamos até mesmo amar de verdade e se tornar amigos, que vamos levar para o resto da vida.

Mas, falemos de sentimentos. Existe o professor que você no português claro, odeia, não suporta e não quer nunca mais vê-lo por perto. Existe o professor que você ama, e só a presença dele já lhe enche de alegria, mas, existe também o professor que nos é isento de sentimentos, o professor que a gente não ama.

Não, não estou falando do professor de matemática que você odiou, ou da professora de química que você não entendia um A do que ela dizia, estou falando do professor que você não amou, aquele que você não encontrou sentimento para defini-lo durante todos os anos em que ele lhe deu aula.

Eu tive uma professora assim, a professora que eu não amei, e o que não me deixa esquecê-la é o fato de que nós eramos alma gêmea, e eu a admirava, admirava pelas incansáveis e longas histórias que contava sobre o início da sua profissão, a admirava pela paciência, pelas incansáveis vezes em que voltava a explicação porque apenas um aluno não havia entendido. 

Mas acima de tudo eu a admirava por ser exatamente o meu reflexo, porque apesar dos longos discursos de ódios a ela que eu profanei várias vezes, eu descobri que não era ódio, e sim meu próprio reflexo, o reflexo de quem eu era e de quem eu me tornaria ser um dia.

A professora que eu não amei não era amarga, mas era sozinha, ao menos achávamos que fosse , até que um dia resolvi lhe perguntar, o que muitos queriam saber, e então eu a vi amolecer e ser alguém que eu nunca tinha visto nos anos em que a acompanhei. Na porta da minha sala, mexendo no meu cabelo como ela sempre fazia, ela respondeu minha pergunta entre risos e um choro, ela chorou bem na minha frente, e eu não pude não chorar, então ela me abraçou e me agradeceu, simplesmente agradeceu, e eu voltei para a sala imóvel e chorando, um choro libertador.

Um choro de quem tinha entendido exatamente o que ela tentava nos mostrar, eu  compreendi assim como ela compreendia as minhas dores nos vários momentos em que soube delas, eu a compreendi e por um milésimo de segundo eu a vi como ela realmente era, e eu posso dizer, não, eu não a amei como professora, mas como pessoa ela é absolutamente digna de todo o amor do mundo!


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