O Casarão Parte3.

Rupert e Bonnie estavam agora em um lugar desconhecido, era noite e fazia muito frio. Bonnie olhava para Rupert e era possível sentir de longe o medo em seu olhar, somente os dois, um silêncio absoluto, apenas algumas luzes dos postes á sua volta iluminavam seu caminho. Rupert e Bonnie se encaminham para um banco em uma pequena pracinha que avistaram, quando se sentam Rupert é o primeiro a falar.
-Você conhece esse lugar, não conhece Bonnie?
Bonnie parecia apreensiva, olhava de um lado para o outro como quem espera ansiosamente por um presente, mas não era bem um presente que viria.
Minutos se passaram com um silencio absoluto reinando entre os dois, até que um grito é ouvindo ao longe, Rupert se assusta e olha rapidamente para Bonnie que agora já estava se levantando do banco.
-Venha Rupert, você vai querer ver isso.
Sem entender nada Rupert se levanta e da à mão a Bonnie que o guia pelas ruas escuras até uma pequena casa no fim da rua. Parados em frente ao portão de entrada da casa eles conseguem avistar uma pequena luz acessa, e sem consentimento de ninguém Bonnie abre o portão e então eles entram. Rupert repara o quanto a casa era bonita, seu jardim era magnifico e encantador, havia embaixo de árvores frutíferas belos bancos para se sentar, a grama verdinha estava coberta de neve, mas mesmo assim não deixava sua beleza de lado. Eles param novamente, desta vez em frente á porta de entrada, Bonnie lança á Rupert um olhar apreensivo como se esperasse que ele não permitisse a abertura daquela porta, porém ele nada fez então Bonnie continuou.
Ao abrir a porta eles se deparam com um lugar bem conhecido dos dois, por estar à noite e nevando Rupert não havia reparado em nada, somente queria  um lugar seco e um bom chocolate quente, mas ao entrar naquela casa Rupert fica ainda mais desnorteado, aquela era a casa de Bonnie, uma sala gigantesca, dois enormes sofás ocupavam um grande espaço, em um canto estava um quadro de Bonnie ainda bebe.
Agora que Rupert já sabia onde estava, conseguira identificar no mesmo momento de onde era a luz que vira do lado de fora.  
-vamos subir? Disse Bonnie.
-Sim, vamos.
Ainda de mãos dadas eles sobem as velhas escadas lentamente, Rupert sentia seu coração palpitar, sempre temendo pelo o que iria encontrar no andar de cima. Quase no ultimo degrau da escada eles começam a ouvir vários gritos e Bonnie pede para que andem mais de vagar. Ao chegar ao topo eles seguem lentamente pelo corredor e param bem enfrente a porta do quarto da mãe de Bonnie. Para surpresa de Rupert, quando ele entre abre a porta, pode ver Bonnie aos berros com sua mãe. Assustado olha para seu lado e como temia Bonnie estava bem ali, sem reação ele olha para a amiga, e olha para dentro do quarto esperando por uma resposta, algo que não demoraria a vir. Ao invés de tentar entender o que estava acontecendo ali, ele para e tenta ouvir e decifrar o que dizia a Bonnie de dentro do quarto aos berros.
-Como vocês puderam? Como? Esconderam isso tanto tempo de nós, sem motivo, nós teríamos entendido, teríamos aceitado, porque você nunca me disse antes? Teria que descobrir dessa forma? Da pior forma possível?
-Por favor, Bonnie, se acalme eu peço.
-Ele é meu irmão, meu irmão, depois de todo esse tempo, de tudo o que você sabe você vem me dizer que o garoto que eu amo na verdade é meu irmão? Como você pode ser tão cruel a ponto de esconder isso da sua própria filha, como?
Mais cedo naquele dia...
Bonnie entrara no casarão atrás de sua mãe para lhe pedir um favor, checa todo o primeiro andar e vê que ela não se encontra ali, sobe para o segundo vasculha todos os quartos e nada de sua mãe, só lhe resta o terceiro andar. Chegando ao terceiro andar Bonnie sabe exatamente aonde ir, se dirigi ao quarto da varanda enorme, o mais bonito eu diria, ao chegar à porta se depara com uma coisa estranha, sua mãe acabara de entrar pela parede e desaparecer.
Bonnie entra no quarto e para bem em frente ao quadro por onde sua mãe acabara de entrar, fica imaginando como tal coisa teria acontecido. Começa a tocar o quadro de cima embaixo quando ele se abre, dando a ver uma longa passagem. Bonnie não faz o tipo de garotinha medrosa, pelo contrário, ama uma aventura e em nenhum momento teme pelo o que pode vir caso resolva entrar, então sem mais delongas entra e segue o túnel, depois de pouco andar Bonnie começa a ouvir vozes, e as reconhece.
-Garotas, acha que já não é a hora de contar a eles? Eles precisam saber da verdade, mais cedo ou mais tarde descobrirão. É melhor que saibam por vocês, eu já não tenho muito tempo de vida, pouco me resta daqui, mas vocês sabem melhor que ninguém que eu não seria capaz de abandonar o casarão, meu lugar é aqui, eu sempre estarei aqui, mesmo quando partir fisicamente.
-Não acho que eles já estejam prontos para saberem, eu ao menos não acredito que estejam.
-Você que sabe Samantha, só que como Minerva disse mais cedo ou mais tarde Rupert e Bonnie precisarão saber que são irmãos, e é melhor que saibam o quanto antes para poderem lhe dar melhor com isso.
Bonnie não acreditara no que acabara de ouvir, sua cabeça rodava e tem que se apoiar na parede mais próxima para não cair, aos poucos vai voltando à realidade, e sem dizer nada invade aquilo que mais tarde ela chamara de sala.
-Irmãos? Eu e Rupert somos irmãos? Não pode ser não pode.
Bonnie descobrira da pior maneira possível que Rupert na verdade era seu irmão. O que mais doía nela agora não era o fato de sua mãe ter mentido por tanto tempo para ela, e sim o fato de estar amando seu irmão, seu próprio irmão. Durante anos Bonnie alimentava escondida uma paixão secreta por Rupert, levava com ele uma vida normal, uma amizade admirável, mas por dentro somente ela sabia o que sentia por ele. Jamais tivera coragem de contar-lhe por medo de como iria reagir, afinal, eram amigos desde que se entendiam por gente.
Naquela noite...
-Me acalmar? Como pode me pedir calma num momento como este?
-Ao menos, me deixe explicar.
O olhar frio de Samantha encontra os olhos cheios d’água de Bonnie, que naquele momento resolve respirar e ouvir tudo o que sua mãe tinha para lhe dizer.
-Quando conheci teu pai há 17 anos, não sabia nada sobre ele. Era um rapaz bonito, cabelos e olhos castanhos escuros, alto e muito simpático, mas havia algo diferente nele. Quem havia me apresentado a ele fora Minerva, já era de se esperar que ele fosse diferente. O nome dele era Nathan, e logo de cara me conquistara, ele disse que se fosse para nos envolvermos teria muitas coisas para me contar, disse ainda que não me indicaria saber de toda sua história, mas assim como você sou teimosa e quis ir até o final, aceitei ouvir tudo o que ele tinha para me dizer, e foi quando me surpreendi. Ele disse que não era do nosso mundo, ao menos não de nossa dimensão, Nathan era um bruxo, um bruxo muito importante por sinal, Nathan era um conhecido de Minerva que por seus ancestrais também seria uma grande bruxa, pena que descobrira isso tarde demais. Nathan não poderia se envolver com uma mera mortal como eu, muito menos ter filhos com uma mortal, e fora exatamente isso que acontecera. Nathan e eu nos envolvemos, tivemos uma relação longa, nós vivíamos no casarão junto com Minerva e assim foi durante muito tempo, até que eu descobri que estava grávida. Nathan enlouqueceu, disse que aquilo não era possível, e que algo muito ruim estava por acontecer, ele devia partir, devia partir e me deixar. Eu não podia deixar aquilo acontecer, disse que teríamos que arrumar um jeito, e então arrumamos. Nathan pediu para que eu desse uma das crianças a Ingrid para que ela a criasse como se fosse dela, para que os problemas fossem menores, de inicio recusei, mas era o melhor a fazer, então conversei com Ingrid que aceitou de cara me ajudar. Nathan passou toda minha gestação entre idas e vindas, disse que ia ao tal mundo mágico para arrumar meios de me proteger, e quando vocês nasceram tive que escolher qual entregar a Ingrid. A escolha não foi nada fácil e Ingrid me ajudou, logo de cara ela se afeiçoou a Rupert e o escolheu, para tratar e criar como se fosse teu próprio fruto.
Na noite em que Rupert fora pra casa com Ingrid e você comigo para a minha, Nathan sofreu um ataque, um ataque de um bruxo pior e temido por todos, e não sobreviveu, mas antes de sua morte ele arranjara meios para que protegesse vocês dois e que nada de ruim vos acontecesse, mas para isso somente quatro pessoas poderiam saber deste segredo, somente quatro e agora quatro pessoas sabem, eu você Ingrid e Minerva. Porém Minerva não tem mais muito tempo e temo que eu e Ingrid também não. Não tardara só serão você e o Rupert, e vocês vão ter que se virar sozinhos, sempre estaremos com vocês para protegê-los, mas não por muito tempo fisicamente. E quando não estiver você tem que me prometer que fara de tudo para cuidar de seu irmão, independente do que aconteça, e você jamais poderá contar isso a ele, jamais.
Bonnie sem o que dizer somente promete a sua mãe que jamais contaria a Rupert, jamais. Porém ela não quer saber de sua mãe, ela mentira durante todos esses anos para ela, Bonnie estava muito chateada como qualquer um estaria, quando está para sair do quarto, Rupert e Bonnie voltam ao seu tempo real, onde tudo recomeça.
Ao cair no grande quarto novamente, Rupert se pega olhando para Bonnie, sem entender nem acreditar, como quem não quer mesmo acreditar em tal coisa, então sem mais e nem menos Rupert sai correndo pela porta escada a baixo, rumo à saída do casarão, atrás dele Bonnie grita para que a espere, mas já é tarde demais.
Seria diferente se você soubesse que aquela seria a ultima vez?







    

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