O Casarão- O Final.
Rupert saíra
do casarão completamente desolado, naquele momento mal podia raciocinar, não
entendia nada do que acabara de acontecer, Bonnie sua irmã, mal podia acreditar
em tudo o que tinha visto e ouvido.
Todos haviam
mentido para ele durante sua vida toda, mesmo Bonnie que durante um tempo
também fora enganada, mentira para ele, a pessoa que mais confiava em todo o
mundo. Ele sentia uma vontade imensa de sumir, desaparecer, pelo menos enquanto
a poeira abaixasse, sabia que não conseguiria olhar para Bonnie sem sentir
raiva, mesmo que a culpa daquilo tudo não fosse dela. Ele não sabia para onde
iria ou o que faria a partir daquele momento, mas não podia ficar ali. Rupert resolve
ir para casa, buscar algumas peças de roupa, iria sair vagando por ai, sem
destino, sem saber onde iria chegar, mas morar embaixo do mesmo teto com Bonnie
não o ajudaria em nada.
Ao chegar a
casa sobe as escadas correndo, se dirige até o seu quarto, abre as portas do
guarda roupa violentamente e agora lágrimas começam a escorrer de sua face. E que
bela face eu diria, Rupert era como um anjo, não era um príncipe encantado de
olhos azuis ou verdes, pelo contrário, seus olhos eram de um castanho vivo,
assim como os de seu pai, seu cabelo nem longo nem tão curto, às vezes caia por
seu rosto de uma forma tão bela que aquela que o visse de tal forma soltaria um
suspiro devido a tanta beleza, em seu modo de agir poderíamos até considera-lo
como um príncipe, tamanha educação em um menino jamais fora vista, mais uma vez
percebemos algo que herdou de seu pai, os dois tinham muito em comum. Ver uma
pessoa tão dócil e angelical chorar, faria o coração de qualquer um se partir
em milhões de pedacinhos. Rupert já estava fechando a bolsa quando Bonnie entra
pelo quarto aos gritos, tentando o impedir de fazer qualquer asneira, tudo em
vão.
-Me solte
Bonnie, você fez parte disso, fez parte de tudo isso, você mentiu pra mim
Bonnie, assim como todos mentiram.
-Pare de falar
assim Rupert, você age como se eu também não tivesse sido enganada durante anos
de minha vida, você age como se a culpa de tudo o que esta acontecendo fosse só
minha, mas não é Rupert, pare de agir que nem uma criança mimada, você esta
pensando o que? Que o mundo gira em torno de você? Não é assim que funciona meu
querido, não mesmo.
-Jamais
pensaria que o mundo gira em torno somente de mim Bonnie, mas você não entende
tamanha raiva que estou sentindo agora, mal tenho coragem de olhar para sua
cara, por quanto tempo você me enganou? Há quanto tempo exatamente você sabia? Conte-me
Bonnie, agora conte tudo.
No dia 15 de
outubro de 2000...
Depois da
briga entre Bonnie e sua mãe Samantha, Bonnie sai pela porta de sua casa sem
rumo, não queria daquela vez ser acolhida pelo Casarão, pois aquele fora o lar
de muitas mentiras, fora enganada desde que nascera, e o motivo estava lá. Ela saíra de casa somente com as roupas que
estava no corpo, fazia muito frio lá fora, mas isso não importava para Bonnie,
ela só queria ficar sozinha, tentar entender de qualquer forma como aquilo tudo
podia estar acontecendo com ela, justo ela que sempre teve uma vida dentro dos
padrões aceitáveis, tudo normal, uma família, porem com um pai que jamais
conhecera, e agora sabia o motivo, sim ela era muito feliz, tinha um amigo que
a amava e cuidava justamente como se fossem irmãos de sangue, ele mal sabia que
alimentava uma paixão ardente escondida dentro de si por ele, mas isso não lhe
importava muito, afinal, tê-lo como amigo, já era o bastante para que ela se
sentisse bem. Ela nem ousava pedir mais nada em sua vida para que melhorasse
afinal, tinha tudo o que precisava para viver, mas naquele momento, sentiu como
se nada mais fizesse sentido. Agora que sabia mais ou menos como era seu pai,
aquele que nunca conhecera, já o conseguia imaginar, pensava muitas e muitas
vezes num jovem muito belo, de cabelos e olhos castanhos escuro, de altura
média, porém mais alto que ela, encantador é claro, que fora capaz de fazer o
coração duro de sua mãe se derreter e se entregar a praticamente um estranho
que acabara de conhecer.
Agora que
imaginava assim, realmente conseguia ver semelhanças entre ele e Rupert, e se
perguntava a todo o momento, como Samantha e Ingrid foram capazes de esconder
um segredo de tamanha importância dos dois, queria sair correndo na direção da
casa de Rupert para lhe contar, mas lembrou de que aquele segredo valia muito,
e que já atingira o limite máximo de pessoas que poderiam saber de tal coisa. Percebe
que a noite estava fria demais, não suportaria ficar do jeito que estava na rua
até mais tempo, então mesmo com raiva de sua mãe, decide voltar para casa. Ao chegar,
encontra a porta da frente aberta, o que ela se lembrava de não ter feito, entra
em casa com uma sensação estranha, diferente, temendo justo pelo pior, sobe as
escadas e entra no quarto onde minutos antes acontecera a briga entre as duas,
a cena que encontra é deplorável, no chão estava sua mãe, com os olhos abertos,
pálida, tão pálida quanto uma pessoa... Morta. Corre e se debruça sobre ela,
mas era tarde demais, Samantha havia morrido. Bonnie não pode conter as
lágrimas, repetia a todo o momento que a culpa daquilo tudo era sua, que se não
tivessem discutido ela ainda estaria viva. Percebe que do lado do corpo de sua
mãe havia uma carta e se endereçava a ela e Rupert, resolve abrir.
“Minha
querida sei que descobrira isso da pior forma possível, acredite, nunca
quisemos que fosse dessa forma, mas não tinha outro jeito, se esta lendo essa
carta é porque a muito já estarei morta, peço que não se culpe, afinal podia
ter sido diferente, mas nós fizemos que não fosse, peço que não se espante,
pois daqui a alguns instantes seu irmão ira procura-la, Ingrid também morrera,
era necessário, querida, agora serão somente vocês dois, peço que se cuidem,
você dele e ele de você, e o mais importante, mesmo que sejam irmãos e que um
dia ele descubra, não deixe que isso interfira no amor que você sente por ele,
isso é maior que qualquer coisa, acredite e não se sinta culpada por isso
também. Não lhes deixamos sem nada, tanto esta casa quanto a de Ingrid e o
Casarão, são de vocês dois por direito, esta no testamento que vos deixo anexado,
todas nossas finanças, nossos pertences, se vocês souberem administrar,
conseguirão viver durante um bom tempo tranquilamente. Peço, por favor, não se separem, vocês não correm perigo algum, como já sabe, seu pai garantiu a segurança
eterna de vocês. Enfim, saiba que sempre amei vocês, igualmente. Beijos de
sua mãe, Samantha.”
Bonnie seca
as lágrimas, sabia que precisava ser forte e seria, minutos depois sobe correndo
as escadas Rupert, que chorava feito um bebe.
No tempo
atual...
Agora Rupert
entendera exatamente tudo o que aconteceu, sabia que Bonnie não tivera culpa de
nada, agora ele estava mais calmo. Ele quer ir ao Casarão e pede para que
Bonnie vá à sua frente, ele só precisaria pegar uma coisa em seu guarda roupa.
Bonnie aceita e desce as escadas de
vagar, sai pela porta de casa e ouve os passos de Rupert bem atrás. Não era
longe da casa dos dois ao casarão, ela chega primeiro, mas não vê Rupert atrás,
porém pensa que logo ele chegaria, afinal, não era longe.
Ela entra no
Casarão, e como de costume se dirige ao terceiro andar, se senta na varanda e
dali tinha visão a tudo, quando percebe uma coisa realmente estranha, Rupert
saíra de casa com uma mochila nas costas, se dirigia até a porta do casarão,
mas ao invés de entrar, para bem enfrente, da uns passos para trás e se vê
olhando agora para cima bem em direção à varanda onde estava Bonnie, já com
lágrimas nos olhos imaginando o que aconteceria. Rupert tira algo do bolso e
com um sopro o papel se põe a voar, caindo diretamente nas mãos de Bonnie, ela
abre e começa a ler.
“Bom, minha
irmã, se assim posso chama-la, sei que não tivestes culpa alguma disso tudo,
mas não posso continuar aqui, este não é o meu lugar, é o seu lugar, não estou
com raiva alguma de você, mas preciso partir, preciso ir em busca de nossas
origens, quero saber mais, e se tudo der certo irei saber, talvez um dia eu
volte, talvez nos encontremos por ai, todos sabem o quanto nossa ligação é
forte e agora temos o porque disso, eu jamais vou te esquecer, jamais vou
esquecer tudo o que passamos, vivemos, vou partir com o coração na mão só em
lembrar que acordarei todos os dias e você não estará lá comigo, neste momento
lágrimas escorrem por meu rosto, aquelas lágrimas que você odeia ver por aqui,
pois diz que alguém como eu não merecia chorar, sinto muito se te fiz algum
mal, se alguma vez não alcancei suas expectativas, queria poder te levar
comigo, mais sinto que tenho que fazer isso sozinho, você sempre vai estar na
melhor parte de mim, no meu coração, se cuida, beijos, Rupert.”
Bonnie se
põe a chorar mais uma vez naquela noite, se levanta e debruça-se na varanda a
tempo de ver Rupert dar as costas e seguir pelas ruas pouco iluminadas de
Hogsmead, ia embora deixando suas marcas de pés no chão onde a neve se
acumulara, ela via partir sem poder nada fazer, o amor de sua vida. Bonnie se
deita na cama do grande quarto e adormece profundamente, como se um anjo a te
fizesse feito dormir, não é mesmo, Minerva?
Rupert ao
chegar ao final da rua, olha para trás e deixa sua ultima lágrima cair, com a única
força que lhe restava, num sussurro para que de alguma forma ela o ouvisse, ele
diz com sua voz tão doce e serena quanto a de um anjo:
-Eu te amo
Bonnie.
As vezes a
maior demonstração de amor que podemos dar, é fazer a outra pessoa feliz mesmo
que não seja com ela. Bonnie sempre amou Rupert, e Rupert sempre a amou, mas
não podia deixar que algo tão incerto e inseguro que é o amor, atrapalhasse a
excelente vida que eles levavam. Bonnie deixou Rupert partir sem saber disso,
mas em seus sonhos, todos os dias a partir daquele, ela ouve uma voz, uma voz
que toca seu coração, uma voz que diz todos os dias: Eu te amo Bonnie! E então
ela consegue dormir, dormir e sonhar com os anjos.
Não se sabe
o que aconteceu com eles, não se sabe por quanto tempo viveram, nem se Rupert
conseguiu o que queria, mas a aqueles que lhe procuram, podem ouvir ao longe
uma voz, que os leva até o casarão quando precisam. O amor que sempre reinou
naquela casa, reina até os dias de hoje, um lugar tão puro, e belo jamais irá
morrer. Cuide bem de quem ama, faça dessa pessoa a mais feliz enquanto puder
nunca se sabe quando vai ser a ultima vez, será que seria diferente se Bonnie
soubesse que aquela seria a ultima vez?
“Aqueles que
nos amam, nunca nos deixam de verdade.”
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