Cedo ou tarde a gente vai se encontrar.


E é tudo tão estranho, as vezes te sinto tão presente como se você ainda estivesse aqui. Lembro-me de quando nos conhecemos, éramos tão pequenos, tão inocentes. Ainda lembro-me do seu rostinho sujo de lama, de quando brincávamos no quintal da minha avó. Lembro-me do nosso primeiro natal juntos, você me deu uma caixinha pequeninha e mandou abrir, dentro dela tinha um porta retrato feito por você, e nele dizia: amigos para sempre! Eu lhe dei um abraço e disse que sim, seriamos amigos para sempre, não importava quanto tempo fosse o pra sempre. Lembra da páscoa? Nossas mães haviam escondido os ovos pela casa, e disseram que depois do almoço a gente poderia procurar para comer. Quem disse que aguentamos esperar? No meio do almoço nós sumimos, encontramos os ovos um atrás da cortina na sala, e outro no chuveiro, corremos para o quintal para que ninguém nos achasse e quando foram nos procurar já estávamos todos lambuzados de chocolate, nem aprontávamos sabe? Com o tempo fomos crescendo, e eu fui perdendo o medo, afinal do seu lado era impossível sentir medo de alguma coisa, você me ensinou a andar de bicicleta, lembro dos primeiros tombos, as primeiras risadas devido a isso, lembro de tudo como se fosse agora. Nunca vou me esquecer das ultimas vezes que fomos ao campo de futebol que tem perto de casa, eu ia só te assistir, porque imagina eu jogando? Não da né, mas você insistiu pra que eu jogasse com você, então eu fui, já morrendo de rir enquanto ia em direção ao gramado, quem diria eu pisando em um gramado novamente. Quando fazia gol porque você deixava né, ia correndo até seus braços pra comemorar, você dizia: muito bem, muito bem, eu disse que ia conseguir. E eu ria, ria porque sabia que você tinha deixado, mas adorava estar em seus braços, era o lugar mais seguro do mundo. Torcia tanto pra que chegassem as férias, eu ia pra minha avó, deixava as bolsas na varanda mesmo, e você já estava lá, sentado no muro de trás, com os olhos castanhos brilhando por causa do sol que batia neles, eram tão lindos, descia do muro e vinha me dar aquele abraço que eu tanto amava. Quando estávamos deitados no colchão que ficava no chão da sala pra gente assistir filme, pegávamos nossa manta azul que hoje já tem até buracos depois de tanto uso, no meio do filme você começava a fazer cócegas em mim, eu pedia pra você parar e você morria de rir daquela cena toda, só parava quando via que eu já estava vermelha e com falta de ar.
Você era lindo, tinha olhos castanhos, um cabelo preto maravilhoso, uma pele que parecia de boneca, mas não era lindo só fisicamente falando, você era lindo por dentro também, seu jeito de tratar as pessoas, o jeito que só você tinha pra cuidar de mim, lembra quando eu quase morri? Peguei uma pneumonia horrível, e você passou dois dias acordados ao meu lado, me dando remédio, contando histórias, cantando musica, lendo Harry Potter pra mim e encenando tudo direitinho, e você nem gostava disso.
Fazem dois meses que você se foi, e mesmo nos conhecendo desde crianças, eu nunca pude retribuir tudo o que você fez por mim, e agora mesmo que não vou poder, a dor da sua partida ainda é muito forte, não consigo lembrar daquele dia 19 em que minha mãe me ligou e disse: senta, porque a noticia é horrível. E não chorar. Vou pra lá e tento não chorar, mais é impossível, você não esta mais lá me esperando pra me abraçar, pra jogar bola, enfim. Você se foi, e parte de mim e da minha história foi com você, mas como diria Nx Zero, cedo ou tarde a gente vai se encontrar, tenho certeza numa bem melhor. Amo você Bru.

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