O Casarão. Parte.2
Já era tarde
quando Rupert e Bonnie voltavam para casa, às ruas estavam silenciosas e
escuras, muito vazias pela hora, somente os dois a vagar. Seus rostos pareciam
congelados, nenhuma expressão cuja qual pudesse identificar Rupert abraçado a
Bonnie tentando a proteger do frio que fazia naquela noite, percebe o quanto a
amiga não estava bem.
-Bonnie,
você não quer ir pra casa, certo?
-Na verdade
não, eu sei que já esta tarde, mas, não me sinto bem para ir pra casa.
-Bom, então
já sei para onde devemos ir.
Sem precisar
dizer mais nada, eles atravessam a rua e se veem na frente do majestoso
casarão. O velho casarão da Rua Wulfric Brian continuava da mesma maneira desde
que fora reformada, sua aparência majestosa, sua grandiosidade não se perdera
com o passar dos anos, nem mesmo o que levava as pessoas a procurarem havia
mudado. Rupert vai à frente e abre a porta principal, que desde a época de
Samantha e Ingrid, sempre permanecera aberta, o casarão sempre está ali para
quem o procura. Eles entram e logo se deparam com um salão gigantesco, porém
vazio, Bonnie pede a Rupert para irem a seu lugar predileto da casa, o grande
quarto com a enorme varanda, o quarto da acolhida. Bonnie só queria se sentir
um pouco mais perto do céu então se dirige sozinha a grande varanda e aos
poucos fica na ponta dos pés e estica os braços o máximo que pode até se sentir
parte daquela imensa escuridão que o céu fazia reinar naquela noite. Rupert se
aproxima cautelosamente, e se debruça sobre as grades que protegiam a varanda,
passa a analisar o céu que não havia estrela alguma, somente a escuridão, acha
engraçado o modo como Bonnie teima em alcança-lo, ainda na pontinha dos pés e
com os braços esticados, até que finalmente perde as forças e se debruça também
sobre as grades.
-Eu queria
que ela estivesse aqui, teria gostado de ver aonde o Casarão chegou, teria
gostado de ver como as pessoas ainda se sentem bem por virem aqui.
-De certa
forma ela está Bonnie, elas estão, sempre vão estar, talvez sejam elas que
guardam e protegem e ainda dão o conforto cujo quais as pessoas vêm procurar
aqui, bem, elas não seriam capazes de abandonar o Casarão.
-É você tem
razão. Ei Rupert, o que é isso?
- O que
Bonnie? Não ouço e nem vejo nada além dessa escuridão.
-Não digo no
céu Rupert, veja, lá dentro.
Um pontinho
de luz passeava pelo quarto, passava por cima da cama, perto da janela, e do
grande quadro, um pontinho azul muito brilhante, porém de onde ele vinha era a
pergunta que os dois se faziam, não havia mais ninguém no casarão a não serem
eles, já estava tarde, talvez pudessem estar vendo coisas, mas não estavam o
pontinho começa a se aproximar deles, cada vez mais perto. Até que finalmente
para, bem em frente ao nariz dos dois, Bonnie anseia por toca-lo, mas Rupert a detém.
O que levaria uma pessoa em sã consciência
a tocar um pontinho brilhante vindo do nada da imensa escuridão de um grande
casarão vazio? Bonnie não ligava pra
isso, mas antes que pudesse toca-lo, o pontinho se esvai, Rupert e Bonnie ficam
sem qualquer reação, a escuridão reina novamente e é como se saíssem de um
transe. Os dois se entre olham por
vários instantes, Rupert o mais centrado quer sair o mais rápido que pode do
casarão, mas Bonnie não quer, quer ficar ali e descobrir da onde viera tal
pontinho brilhante, eles olhavam ao redor e não havia ninguém, pensaram em
alguma lanterna ou coisas do tipo, mas era impossível, o pontinho chegara perto
o bastante deles, como se quisesse dizer algo, que não deu tempo de acontecer. Rupert
não estava com medo, não estivera em nenhum momento, mas estava preocupado com
Bonnie, queria protege-la, e para isso não considerava o casarão um lugar
seguro, mal sabia ele que era o mais seguro de todos. Bonnie resolve se deitar
na cama do grande quarto, enquanto Rupert anda de um lado para outro, Bonnie
fita rapidamente o quadro da bela moça, anos e anos se passam e ele permanece
intacto, sua moldura nunca fora reformada, mas sua beleza jamais fora perdida,
pelo contrário, ah quem diga que a bela moça rejuvenesça a cada ano que passa. Apesar de sua identidade ter sido revelada a
Ingrid e Samantha, o restante da população jamais soubera de que era Minerva, mesmo
a bela jovem do quadro lembra tanto Minerva, as pessoas iam ao casarão com o
intuito de ouvir as histórias que Minerva contava, e para o fim que sempre fora
destinado o casarão: o choro. Mesmo com o passar dos anos, e com todos os
acontecimentos, as pessoas não conseguiam enxergar a verdadeira essência da
casa, depois da morte de Minerva, logo após a morte de Samantha e Ingrid, era
como se essa essência nem existisse mais. Bonnie se levanta da cama, e se
dirige lentamente até a frente do quadro, e fica parada somente o admirando,
assim como anos e anos atrás Ingrid também fizera. Rupert a vê, e vai para
perto da amiga.
-A feição
dela nunca lhe incomodou Rupert? Sinto que toda vez que entramos no quarto, ela
nos observa, é como se os olhos do quadro se movimentassem e nos seguissem para
onde formos.
-Acho que a
noite está afetando teu cérebro Bonnie, onde já se viu, é apenas um quadro.
Antes que
pudessem dizer mais qualquer palavra, eis que o pontinho azul surge de trás do
quadro, do nada, simplesmente um pontinho azul passa a flutuar bem a frente
deles, assim como minutos antes fizera. Os dois se calam, dessa vez Bonnie não
tenta pega-lo, simplesmente o vê se aproximando lentamente e cada vez mais de
si, quando ele para e uma voz surge, uma voz surge do pequeno pontinho azul
brilhante, que fazia os olhos de Bonnie e Rupert se encherem de vida, admirados
com tamanha beleza.
-Bonnie,
realmente este não é um quadro qualquer, declarou o pontinho.
Sem medo, e
como se estivesse conversando com um humano qualquer, Bonnie se põe a falar com
aquele ponto azul que estava bem a sua frente.
-Eu disse,
eu sabia, eu sempre soube. Na verdade, desde que li a carta que minha mãe
escrevera para um rapaz há muitos anos atrás, eu sabia que esse não era um
quadro qualquer.
-Então como
você deve saber, e sua mãe deve ter lhe contado indiretamente a história,
Minerva jamais abandonou esta casa. O Casarão não estava preparado para perder
sua única dona por direito, e a profecia fora realizada. Os pais de Minerva não
eram pessoas qualquer, os pais de Minerva eram bruxos, bruxos da mais alta
ordem, fugiram para Hogsmead para tentar uma vida nova, tentar recomeçar, mais
a magia nunca lhes abandonou. Eles sabiam que não durariam muito tempo longe de
sua cidade natal e precisavam proteger sua única filha, Minerva. Então eles construíram
essa casa, com o restante de magia que lhes restava, com o intuito de que o
casarão a protegesse, e realmente protegeria, mas o tiro saiu pela culatra, a
casa protegeria sim Minerva, porém não só a Minerva, a magia fora tão poderosa,
mais tão poderosa, que ela protegeria e acolheria qualquer um que a procurasse,
por isso quando as pessoas estão mal elas se sentem atraídas para a casa, só é
preciso passar um tempo aqui dentro, para uma paz interna surgir.
-Agora tudo
faz sentido. Mamãe nunca me falou especificamente sobre tal coisa, mas ela
disse que Minerva era tão boa e pura, e amava tanto essa casa, que sempre que precisássemos
dela, ela estaria aqui para nos acolher. Mas, eu ainda não entendi uma coisa,
quem é você, ou o que é você?
Antes que
qualquer palavra pudesse ser dita novamente, Rupert entrou na conversa.
-Ainda não
percebeu? O pontinho é Minerva, o quadro é Minerva, é ela, ela nunca abandonou
a casa, nunca abandonou quem aqui viesse buscar ajuda, este é o quarto dela
Bonnie, a cama dela, o quadro dela. É ela.
-Muito
esperto este Rupert, bom amigo você tem, me surpreendo que você não tenha
percebido antes Bonnie, sim eu sou Minerva. Você estava certa, sempre que
olhava para esse quadro, os olhos deste quadro se mechem, são meus olhos, eu
acompanho a todos que entram aqui todos os dias. Eu nunca deixei de ajudar a
vocês, nem mesmo a essa casa, só não posso mais fazer isso tão fisicamente
assim, mas faço da maneira que posso. Você garota, é tão bela e tão esperta
quanto sua mãe.
Neste momento
Rupert vê os lindos olhos de Bonnie brilharem, percebe o quanto aquilo havia
lhe afetado, então, a acolhe num abraço protetor, um abraço que não precisava
ser mágico para que fosse tudo o que ela precisava naquele momento. As lembranças
de sua mãe mexiam muito com ela, e isso estava explicito em sua face.
-Conte a ele
Bonnie, conte a Rupert o que realmente aconteceu naquela noite, ele precisa
saber da verdade.
Rupert a
solta sente-se enganado sem ao menos saber do que se tratava fita à amiga com
teus olhos negros, ela tremia sem parar, e já não controlava mais as lágrimas.
-Ela
implorou, me implorou para que eu não contasse, eu jurei que não contaria, eu
jurei.
Neste momento
o silêncio reina, as poucas luzes dos postes nas ruas se apagam, Bonnie
quebraria sua promessa, então eles são levados ao passado, eles são levados à
noite de 15 de outubro de 2000, onde tudo acontecera.
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