Com amor,Clarisse.

Na vida buscamos por pessoas que nos entendam e nos amem. Que acima de tudo faça diferença na nossa vida. Estamos em uma busca constante pela perfeição, porém, a pessoa imperfeita, pode ser a mais perfeita para você.
 Charlie era um garoto extremamente adorável, nos melhores sentidos. Não era nenhum garoto dos olhos azuis ou verdes, mais sim, dos castanhos escuros mais belos existentes. Não tinha nenhum porte físico de atleta e nenhuma voz de locutor de rádio sedutor. Era apenas, Charlie. Charlie cursava o ensino médio em sua cidade, não era de muitos amigos, na verdade, de nenhum amigo. Charlie era totalmente isolado, não porque queria, mas porque a sociedade impôs assim, sociedade cruel eu diria. Charlie vivia em Oxford, Inglaterra, um ótimo lugar para se viver ele diria. Charlie tinha 16 anos e nunca havia beijado uma garota. Não que seja uma regra beijar alguém até os 16 anos, mas isso incomodava Charlie, não, não o fato de ele nunca ter beijado uma garota, claro, isso também, mas o fato de nenhuma garota querer chegar perto dele, ele se sentia repugnante. Ok vou lhes contar. Charlie não era nenhum pouco repugnante. Charlie era lindo, lindo no seu jeito de ser, no seu silêncio e no seu isolamento. Como pode ninguém nunca ter reparado no quanto àqueles olhos castanhos brilham a luz do dia ou sob o luar? Como pode ninguém nunca ter visto o quanto aquele sorriso é majestosamente encantador e atraente? Ninguém nunca tinha visto, até hoje. Charlie estava sentado em sua cadeira para mais um dia de aulas insuportavelmente chatas. O sinal bateu para que todos os tolos que estudavam com Charlie entrassem na sala, um pior que o outro, pobre coitados. O professor estava atrasado naquele dia, o que incomodava muito Charlie, pois dava mais tempo dos idiotas de sua turma lhe zoarem por qualquer coisa, roupa, cabelo, mochila, enfim, coisas de idiotas sem grande mentalidade. Mas era exatamente as 07h10minhr da manha quando entrei acompanhada do professor de história antiga. Charlie estava de cabeça baixa olhando para seu caderno e brincando com um lápis, tentei imaginar por algum instante o que havia de tão divertido e atraente naqueles materiais, provavelmente, nada. Fiquei lhe observando por algum tempo, havia algo nele que me fazia querer que o tempo parasse, mesmo tendo visto só naquele instante, eu desejei que houvesse muitos outros instantes como aqueles. Nosso professor de história se chamava Augustus. Não era tão velho para ser um professor de história, mas bem, o que isso importa? Ele foi simpático e resolveu me apresentar formalmente à turma, ele não tinha ideia do quanto eu odiava ter as atenções em mim. -Muito bem meus queridos alunos, como estão essa manha? Espero que estejam bem e com muito ânimo para mais uma semana empolgante. Bem, quero lhes apresentar nossa nova companheira vinda de uma parte bem esquecida da Inglaterra, Clarisse. Senti meu rosto queimar de vergonha, sabia que tinha ficado vermelha, mas tentei esconder o máximo que pude. Charlie mal olhou para mim, na verdade quando olhou eu estava olhando para ele, o que causou certo transtorno quando nossos olhares se encontraram. O professor Augustus mandou que me sentasse numa cadeira vazia mais para o fundo da sala, o lado oposto da onde Charlie se sentava. Tentei não prestar muita atenção nele durante a aula, não deu certo. O sinal para o intervalo tocou logo após três longas e chatas aulas, tudo bem, a do Augustus não foi tão chata assim, mas tá. Mas antes que eu continue muito prazer, como já sabem meu nome é Clarisse, como Augustus já contou, venho de uma parte muito no interior da Inglaterra. Tenho 16 anos, idade do Charlie, e assim como ele, nunca fui de fazer muitos amigos, mas tive alguns. E ao contrário dele, já beijei um garoto antes, nada de muito interessante ou inesquecível, mas isso é outra história. Cheguei ao refeitório e peguei minha comida, olhei ao meu redor e não achei uma mesa vazia para me sentar, e não estava nenhum pouco a fim de me sentar com alguns irritantes que acabara de conhecer. Em um canto vazio estava Charlie com a comida em sua frente e um livro em mãos, pensei estar fazendo a pior besteira do mundo, mas me dirigi até sua mesa, e foi onde tudo começou. -Será que posso me sentar? Com um olhar assustado como se perguntasse dentro dele mesmo se alguém realmente estava falando com ele, ele me lança um olhar fulminante. Meu deus, que belos olhos. -Claro que pode. Conversamos até o sinal bater e termos que voltar para sala. Conversamos sobre tudo, tudo que ele quis falar. Descobri suas bandas favoritas, os livros que já leu os que ele mais gostava e aqueles que ele pretendia ler. Descobri também que ele era o meu oposto, não tínhamos nada em comum, e ah, descobri que gostava disso. Nesse mesmo dia me mudei para seu lado, continuamos conversando por papelzinho durante a aula, confesso, me senti na quarta série. Os dias foram passando e fomos nos tornando cada vez mais próximos, na escola ninguém nos observava, não que eu quisesse, mas é porque realmente não fazíamos a diferença. As pessoas pararam de implicar com ele, não sei ao certo o motivo, mas simplesmente fingiam que ele não existia, o que ele considerava extremamente bom. Começamos há passar muito tempo juntos, além dos muros da escola. Trabalhos, deveres de casa, passeios, bem, eu gostava de passar esse tempo com ele. Ou todo o tempo do mundo se fosse possível. Gostava das nossas diferenças, eu queria doce, ele preferia salgado, eu gostava de preto, e ele de branco, eu preferia-me sentir livre nas alturas, ele dizia: calma ai mantenha os pés no chão. Ele preferia o baixo. Não sei ao certo quando comecei a sentir por ele o que sinto hoje, muito menos quando ele começou a sentir o mesmo, mas demoramos muito tempo para perceber, tempo demais. Certo dia ele me ligou cedo, disse que tinha achado um livro extremamente perfeito, e queria que eu lesse uma parte com ele, pediu para que fossemos até o parque que ficava perto de sua casa, mesmo sonolenta não recusei. Não podia recusar na verdade. Cheguei ao parque e lá estava ele, sentado na grama embaixo de uma grande árvore com um livro em mãos. Sentei-me ao lado dele, e sem mesmo um oi, ele começou a recitar o tal trecho do tal livro que ele gostaria que eu ouvisse. Crianças brincavam e gritavam alegremente a nossa frente, mas podia ouvi-lo muito bem mesmo assim. O que mais? Ela é tão linda! Não me canso de olhar para ela. Não me preocupo se ela é mais inteligente que eu: sei que é. É engraçada sem nunca ser má. Eu a amo. Sou muito sortudo por amá-la, Van Houten. Não da para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela. -A Culpa é das Estrelas, de John Green. Antes que ele pudesse continuar ou que eu pudesse dizer algo, um garoto, uma daquelas crianças que brincavam a nossa frente se aproximou de nós, olhou bem para Charlie e depois para mim. -Ela é muito bonita moço. Muito bonita mesmo. Será que posso ficar com isso? E apontou para uma maçã que Charlie não havia nem começado a comer. Claro que ele lhe deu. Quando o menino nos deu as costas, Charlie o chamou de volta. -Bem, como é seu nome garotinho? -Peter. Disse o garoto num tom de voz muito baixo. -Bom, Peter, o que você acharia se eu pedisse essa garota muito bonita em namoro? Acha que ela diria sim, ou me daria um fora daqueles? O que ela diria se eu a dissesse que a amo mais que tudo no mundo? Até mesmo mais do que meus discos favoritos? -Pelo sorriso que ela deu agora, acho que não tem que se preocupar com um não. Então Charlie olhou em minha direção, pude sentir meu rosto queimar, estava vermelha sem duvidas. -Então Clarisse, aceita a minha escolha? Assim como Hazel aceitou a de Augustus? Aceita namorar comigo? Ou melhor. Aceita namorar com um desajeitado, um garoto completamente isolado da sociedade, sem vida social alguma? -Sabe Charlie, lembra quando falei que meus namoros não deram certo? Pois então... Sinto que isso não vai se repetir. Sim, eu aceito Charlie. Aceito ser a namorada do antissocial mais gato que eu conheço, quero ser desajeitada como você, porém junto de você. Serei sua Hazel, porém nossa história terá um final feliz. Eu te amo. Lembro-me dos primeiros toques de nossos lábios. Uma sensação sem igual, como se eu beijasse estrelas. Não que eu já tenha beijado alguma, mais a sensação deve ser ótima, afinal, as estrelas são lindas. Não escolhemos nosso passado, mas podemos decidir nosso futuro. (As Vantagens de ser Invisível)

 Até a próxima, com amor, Clarisse.

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