Jeb e Mel.

“Você se foi e eu virei o vazio de alguém, uma metade qualquer de uma musica sem começo.” Sabem nossa vida nem de longe se parece com um conto de fadas. Durante toda ela enfrentamos altos e baixos, momentos de alegria e vários de tristeza, e muitas vezes não sabemos como lidar com isso. Vou lhes contar uma história, não, nada de “era uma vez” ou “felizes para sempre”, essa história é bem diferente disso. Uma vez conheci uma garota, uma bela garota chamada Melanie, não muito diferente das garotas que conheci. Um belo corpo, olhos cor de mel e um sorriso encantador. Melanie era cheia de amigos, mas tinha um em especial, um amigo com o qual ela compartilhava tudo, toda a sua vida, todos os seus mais profundos segredos, enfim, tudo. Esse amigo se chamava Jeb. Jeb era um cara charmoso, bonito da cabeça aos pés, belos cabelos castanhos claros que se esvoaçavam de acordo com o vento. Seus olhos eram do verde mais puro, o mais bonito que eu já vi, na verdade, Melanie costumava dizer que eram olhos indecisos, durante o dia seus olhos eram azuis, tão azuis quanto às águas do mar de Poseidon, e a noite o verde dominava, e fazia qualquer um entrar em um transe completo caso os encarasse por muito tempo. Ah, quase me esqueci de mencionar, o sorriso de Jeb. Quando Jeb sorria, fazia qualquer tristeza no ambiente se esvair, de repente tudo era alegria. A amizade dos dois era de longe pura. Não lhes digo que era perfeita, pois jamais foi. Ambos tomavam as dores quando esta já era grande demais para um só corpo aguentar. Além das dores, partilhavam dos momentos mais alegres que existissem ambos não deixavam uma lágrima se quer cair dos olhos do outro. Jeb costumava dizer, que quando Melanie chorava, seu coração se partia, vir sua amiga chorar era o pior tipo de tortura que podia existir. Já Melanie, não suportava a ideia de que todas as noites, Jeb se trancava em seu quarto e derramava todas as lágrimas que estavam presas dentro de si. Jeb era um garoto forte, não de porte físico, nem mesmo psicológico, ele se fazia de forte para que os problemas da vida não o afetassem. Melanie sentia uma vontade imensa de coloca-lo no colo e protege-lo de todo o mal, assim como Jeb sentia quando Melanie chorava. Todas as terças feiras Jeb treinava no campo da cidade, e Melanie o acompanhava. A cada tombo de Jeb, o coração de Melanie apertava em seu peito, ela sentia uma vontade imensa vontade de correr ao seu encontro e ver de perto se ele estava bem. Mas assim como sempre ele se levantava e continuava como se nada tivesse acontecido. Quando seu treino terminava, Jeb lançava a Melanie um olhar convidativo, e na mesma hora ela entendia. Corria para o campo e se juntava a Jeb, onde começavam uma pequena disputa corpo a corpo. Lembro-me de presenciar um destes momentos. Melanie corria ferozmente atrás da bola pelo imenso gramado, quando Jeb lhe alcançou e ao invés de tirar-lhe a bola, joga Melanie no chão e começa a lhe fazer cócegas, algo que Melanie detestava, porém era Jeb, e ela nada podia fazer. Em meio a gargalhadas longas de ambas as partes, Melanie pedia socorro, implorava para que Jeb parasse, mas ele amava vê-la sorrir. Nesse dia, o sistema de irrigação do campo foi ligado mais cedo, o que foi uma imensa surpresa para os dois, que depois de brincarem com lama e se sujarem por inteiro, saem morrendo de rir do campo e assim, imensamente sujos, eles vão para casa, mais felizes do que nunca. Porém, algo estranho começa a acontecer nos dias que se seguem. Melanie não recebia um telefonema de Jeb desde o episódio no campo. Ela não estranhara ainda, pois Jeb estava em semana de prova, mas bem, era Jeb, ele teria ligado. Melanie resolveu lhe mandar uma mensagem cedo, pois ele logo veria e lhe responderia, mas não foi isso que aconteceu. Uma hora, duas, três, a noite caiu, e nada de uma resposta. Bem, naquela noite Melanie não conseguiu fechar os olhos, inventou milhares de motivos em sua cabeça para que ele não tivesse lhe respondido. Perguntou-se durante toda a noite e o começo da manha, se tinha feito algo de errado que não lhe agradava, porém, nada lhe vinha na cabeça. Jeb era dois anos mais velho que Melanie, por isso não estudavam na mesma sala, sala cuja qual Melanie visitou durante todo o dia, em busca dos olhos bicolor mais lindos que já vira, ou do aroma delicado de seu perfume, mas não encontrou nem um, e nem outro. Melanie notara que todos lhe olhavam diferente, como se tivessem algo para lhe dizer, mas não tivessem coragem. Finalmente o sinal para ir embora soou e Melanie por ir embora. A casa de Jeb ficava no caminho da de Melanie, o quarto de Jeb ficava de frente pra rua, e Melanie pode ver as cortinas fechadas, não só as do quarto de Jeb, mas de toda a casa. Pensou por alguns instantes em bater na porta ou tocar a campainha, mas optou por não fazer isso, já que Jeb estava lhe evitando, ela não iria lhe perturbar. Melanie não sabia ao certo o que era, mas enquanto ia para casa, sentia seu coração pequeninho dentro do peito. Ao chegar em casa, se depara com seus pais e os pais de Jeb sentados na sala de estar, ambos em silêncio e com lágrimas nos olhos. Melanie pensara em não parar, já ia em direção as escadas quando sua mãe lhe chamou: -Querida, sente-se. Então Melanie voltou para a sala e se sentou entre seus pais. Em meio a soluções e lágrimas que já não eram contidas, a mãe de Jeb, Sra.Strider, tomou a frente e passou a falar. -Mel, nos perdoe, perdoe-nos por não ter lhe procurado antes, por não ter lhe contado antes, mas não podíamos, na verdade, não conseguíamos. Mel não sabia o que falar, não estava entendendo nada, mas quando ia abrir a boca, o Sr.Strider interrompeu. -Mel, leia isto. E lhe entregou uma carta. Na mesma hora Melanie reconheceu a letra, era uma carta de Jeb, mas espera Jeb não gostava de escrever. Com todo o cuidado do mundo, Mel abriu a carta. “Minha pequena Mel” A muito quando ler isso, já não estarei mais aqui. Peço que não culpe seus pais, nem os meus, eles só estavam cumprindo com o que me prometeram. Bom, se lhe conheço bem, a esta altura do campeonato, você deve estar querendo me matar não é mesmo? Nenhuma mensagem, nenhuma ligação ou nem mesmo nenhuma visita. Conheço-lhe, sei como você se sente. Bom, não posso enrolar você já deve estar preocupada o bastante, então vou direto ao ponto. Depois da nossa brincadeira no campo, eu estava indo para casa, distraído, pensando em como me sentia bem por ter você como melhor amiga, como uma irmã que meus pais não me deram... quando algo me atinge em cheio, não sei lhe dizer o que era, um carro, uma moto, bom, ninguém sabe, só me lembro dos olhos fechando aos poucos e de acordar aqui, no hospital. Minha mãe chorava no ombro de meu pai, aquilo doeu mais que qualquer parte do meu corpo. Eu tentava falar, mas não conseguia, foi quando a enfermeira percebeu que eu estava acordado, e com muita calma me explicou o que tinha acontecido. Chegaram a me perguntar se eu queria lhe ver, é claro que eu queria, mas não podia deixa-la me ver nessa situação. Então eu lutei, com todas as minhas forças, para sair daqui e lhe encontrar, lhe abraçar, lhe pedir perdão pelo sumiço, mas no ultimo minuto irmã, eu fraquejei. Sentia que meu coração a qualquer momento pararia de bater, então, decidi lhe escrever. Minha doce e amada Mel, obrigado pelos momentos que passamos juntos, pelas lágrimas que não deixou cair de meus olhos e pelas dores que ajudou a cessar. Obrigado por me entender como ninguém, por não me abandonar nunca. Espero que para o lugar que eu vá, tenha alguém tão bom quanto você. Por favor, Mel, cuide-se, e ah, não chore por babacas, você sabe o que penso disso. Saiba que no seu coração, sempre estarei com você! Com amor, Jeb. PS: Eu te amo! Melanie aos prantos se joga nos braços de seus pais, e ali encontra o único conforto possível naquele momento. Claro, não era o mesmo que o abraço de Jeb, mas isso ela não teria nunca mais. Jeb viveu o necessário para não ser esquecido por Melanie, não viveu o tanto que ela queria e precisava, mas viveu. Mel agradece a Deus todos os dias por ter lhe conhecido, e sonha com o dia em que ira reencontra-lo. Cuide de quem você ama você nunca sabe quanto tempo vai ter.

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