Nem toda história de amor tem um final feliz..



E como num filme onde os personagens passam vários momentos revivendo suas histórias, nossa vida se tornou uma bagunça. Memórias que insistem em não nos deixar vêm a todo o momento para nos atormentar. Fazem-nos perder o rumo de nossas escolhas, e por mais idiota que isso possa ser, minhas escolhas me levam justamente a você. É como se no final do filme, os créditos não subissem na tela, mas sim, tudo recomeçava.
Assim começa uma das histórias mais malucas e alucinantes que eu já vi.
Courtney era uma garota simples, que no auge dos seus 16 anos vivia cercada de amigos e diversão. Apesar de às vezes um pouco tímida, quando se soltava Courtney se tornava uma pessoa totalmente diferente, extrovertida, simpática, que saia distribuindo sorrisos para qualquer estranho na rua. Courtney assim como qualquer garota de sua idade tinha uma melhor amiga chamada Lucy. Lucy era totalmente diferente de Courtney, popularmente dizendo, Lucy não tinha papas na língua, falava aquilo que vinha em sua cabeça com qualquer um, totalmente extrovertida e com alguns probleminhas de cabeça se assim pode se dizer. Mesmo com tantas diferenças, as duas se completavam. Quando uma precisava a outra sempre estava disposta a ajudar, passavam a maior parte do tempo juntas e não enjoavam da outra. Ambas tinham uma vida social ativa e tinham amigos muito diferentes um do outro. Um desses amigos era Dereck. Dereck um rapaz de 21 anos, musico e de certa forma atraente. Convivia o máximo de tempo que podia com as duas, apesar desse tempo não ser o maior de todos pelo fato de Dereck estudar em outra cidade. Quando estavam juntos, os três se tornavam um só. Apesar de Dereck ser como Courtney e Lucy, ele possuía algo que Courtney não conseguia decifrar. Dereck possuía um olhar muitas vezes vago, Lucy se lembrava de quantas e quantas vezes pegava Dereck olhando fixamente para o nada, e quando o chamava ele não fazia ideia do que estava acontecendo a sua volta. Apesar das diferenças de gostos e opiniões, os três se davam muito bem.
Em uma manhã gelada de inverno, Courtney acorda e se prepara para iniciar aquele que seria um dia muito longo. Um bom banho quente pela manhã e um café delicioso de sua mãe a fazem despertar. Para começar bem o seu dia, assim como em todos os outros ela resolve dar uma lida rápida no livro que estava em sua cabeceira, um livro que estava lendo por indicação, A Promessa, que por sinal ela estava até gostando. No meio de sua leitura, ela leva um pequeno susto quando seu telefone na maior altura toca. Quem poderia ser àquela hora da manhã em plena sexta? Esperava que nada de ruim tivesse acontecido com ninguém. Quando ela pega seu celular vê que era Dereck, o que será que ele queria a essa hora da manhã? Dereck não acordava cedo a menos que fosse muito obrigado e depois de muita insistência de quem quer que fosse. Do outro lado da linha uma voz de sono começa a sussurrar.
-Bom dia Courtney, ocupada?
-Já acordado Dereck? Não muito, só estou lendo, por quê?
-Será que pode me fazer companhia? Não acordei muito bem hoje, uma dor de cabeça insuportável, e pelo visto não tem ninguém em casa, acho que vou morrer.
-O mesmo drama de sempre né? Mesmo passando mal, você ainda consegue dramatizar dessa forma. Devia ser ator. Dê-me 20 minutos e eu apareço.
-Tudo bem, te espero.
Courtney não sabia, mas do outro lado da linha Dereck dera um aberto e lindo sorriso.
Foi só o tempo de Courtney colocar uma roupa, pegar sua bolsa e suas chaves e sair de casa. Não gastaria tempo se arrumando demais, pois Dereck era seu amigo, já havia a visto das piores maneiras possíveis. Não demorara nada e já estava subindo para casa de Dereck, a porta estava aberta então logo entrou, o encontrara todo esparramado na cama de seu quarto e não com uma aparência muito boa. É ele realmente não estava bem. Sentou-se ao seu lado na cama e começaram a conversar.
-Não achei que viesse.
-Tinha como negar? Você me ligaria no mínimo mais umas dez vezes e eu perderia a paciência, então resolvi vir logo na primeira vez. O que aconteceu?
-Acho que estou com febre, e minha cabeça parece à passarela do samba em pleno carnaval.
-Ah, então não esta tão ruim quanto eu imaginava.
Ambos puderam rir pela primeira vez desde que Courtney chegara. Existia uma ligação entre os dois que qualquer um já havia percebido. Desde o mendigo que vivia na rua, até as pessoas mais próximas aos dois, menos é claro, eles próprios.
Quando Courntey percebera já era tarde, a noite já havia caído e nenhum dos dois havia notado. Quando estavam juntos o tempo voava, era como se cada minuto fosse segundo, e passasse tão rapidamente quanto qualquer coisa. Courtney já havia cuidado o máximo que pôde de Dereck, deu-lhe remédio, e sua febre havia passado e sua cabeça já não doía tanto. Apesar de que mal sabia ela, somente sua presença já havia o feito melhorar desde o instante em que a vira. Courtney se despedira de Dereck e fora para casa.
Algo estava diferente naquele dia, Courtney saíra de lá com uma sensação diferente de todas ás outras vezes em que encontrara Dereck. Na verdade, Courtney escondia um segredo, que nem mesmo Lucy tina conhecimento. Um segredo que talvez mudasse tudo.
No domingo, Dereck já estava completamente melhor e então ele, Courtney e Lucy iriam sair como todos os domingos faziam. Quando Lucy ligou para Dereck para saber onde ele estava, ela e Courtney já estavam juntas, o que não seria muita novidade. Não passou muito tempo desde então e eles logo se encontraram. Dereck estava de alguma forma, mais bonito que nos outros dias, ao menos aos olhos de Courtney, já que percebera que Lucy não esboçava nenhuma reação diferente, mas devia ser coisa da sua cabeça, ao menos foi o que ela resolveu pensar.
Ao se sentarem em seu local de sempre, Courtney percebera que Dereck a encarava, diferente das outras vezes, ele a olhava com um olhar completamente diferente de qualquer outro que Courtney já tinha visto. Ela nunca o vira olhar daquela forma para ninguém, nem mesmo para ela. Mais uma vez acreditou que fosse coisa da sua cabeça.
Lucy reclamara o quanto estava quente e com sede, mas nem Courtney nem Dereck sentiam vontade de se levantar naquele momento, deixando claro, Lucy extremamente irritada por ter de ir sozinha, mas vendo que nenhum dos dois realmente iria, Lucy se levantou e saiu.
Courtney estiver observando Dereck o tempo em que ficaram sentados, havia algo nele hoje que o deixara diferente, ela não sabia reconhecer o que era, mas tinha Courtney o conhecia á muito tempo, e aquilo nunca tinha acontecido. Pela primeira vez ela sentia seu estômago revirar de uma forma boa. Dereck havia saído de onde estava e agora estava sentado do lado de Courtney. Quem quer que os visse agora sorriria, estava bem ali, estampado em ambos os rostos, mas parecia que somente eles não se deixavam perceber.
Courtney queria falar, mas bastava abrir sua boca para que nada saísse. Sentia-se uma idiota, mas não conseguia mover um só membro do corpo. Não era muito diferente do que estava acontecendo com Dereck, que observava Courtney com outros olhos agora. Os dois estavam bem próximos desde que se sentaram ali. Courtney sentia agora uma necessidade imensa de estar nos braços de Dereck, sentir seu perfume, seu toque, e saber que estava tão protegida quanto estaria com qualquer um. Courtney se apoiou em seu peito, e desejou nunca mais sair dali.
Enquanto Dereck sentia que finalmente tudo ao seu redor fazia sentido. Ter Courtney em seus braços era algo que Dereck desejara por muito, muito tempo. Apesar de todos os abraços que eles já tinham dado, ele sentia que agora era completamente diferente. Ele passava as mãos pelos longos cabelos negros de Courtney, a observava, sentia sua respiração lenta, pensava o quanto ela era diferente das garotas que vira e gostava daquilo. Realmente, normal Courtney não era nenhum pouco. Aos poucos Courtney levantava o seu rosto, os olhos de Dereck ficaram rente aos seus, Courtney nunca tinha notado o quanto aqueles olhos brilhavam, eram simplesmente, maravilhosos, Dereck era maravilhoso, á sua maneira. Encaram-se durante um bom tempo, sentindo suas respirações ficarem cada vez mais rápidas e envolventes, seus lábios se aproximaram de uma forma tão intensa quanto o beijo que se seguiu. Tão diferente de qualquer outro que ambos já tenham dado em alguém, aquele beijo se intensificou com o passar dos minutos, Courtney queria que aquilo nunca acabasse que aquele beijo simplesmente fosse eterno, mas tudo que é bom, uma hora tem que acabar. E acabou com a chegada de Lucy, que com um grito bem longo, atrapalhara o momento dos dois, que após conseguirem se afastar só puderam gargalhar. Céus, quem imaginava? Okay, todo mundo menos os dois.
Quando Courtney acordou mais tarde no dia seguinte para encontrar com Lucy e Dereck, não imaginava que aquela poderia ser a ultima vez que se veria diante do espelho... Mais feliz do que nunca, Courtney se arrumara o melhor possível para se encontrar com seus “amigos” e saíra de casa na maior felicidade, distribuindo sorrisos até para o vento. Como sempre, encontrou com Lucy antes de Dereck para colocar a conversa em dia. Quando encontraram Dereck na praça central, ambos não puderam deixar de sorrir. Lucy percebia o quanto seus amigos estavam felizes com aquilo tudo, e jamais alguém poderia atrapalhar tamanha felicidade. Até àquela hora. Eles estavam jogando conversa fora quando um rapaz com um capuz na cabeça chegou anunciando um assalto. Os três se entreolharam, Courtney podia perceber o medo no olhar de seus amigos, foi quando o assaltante começou a falar:
-Finalmente não é mesmo? Demorou até tempo demais para vocês dois finalmente ficarem juntos, mas enfim, aconteceu. Oras, seria lindo, se não fosse tão trágico. Você não o merece Courtney. Com esse seu sorrisinho que convence qualquer um, esse seu jeito todo delicadinho, cheio de frescura, que de certa forma consegue encantar algumas pessoas, mas a mim não, não mais. Seu tempo acabou Courtney, acabou aqui.
E como num passe de mágica um tiro atinge Courtney bem no peito, com seus olhos brilhando ela olha para Dereck que na mesma hora entende a mensagem, Courtney tinha dito: Always , e o mundo pela ultima vez, pôde ver aqueles olhos castanhos brilhando até que seus olhos se fechassem completamente. Ninguém podia acreditar Courtney, a Courtney dos olhos castanhos, da jogada de cabelo, da voz ás vezes doce e delicada até a mais grossa nas horas de irritação, essa Courtney, a dos sonhos altos, a escritora, a leitora, a simples Courtney, morta.
Dereck não podia acreditar, perdera seu chão, lhe faltava o ar, seus olhos perderam o foco. Quando Dereck finalmente recuperou o fôlego e todo o sentido, tomou um impulso, agindo sem pensar, levantou do banco em que estava e partiu pra cima do assaltante que ainda estava aos pés de Courtney, parecia que não acreditava no que estava acontecendo. Quando Dereck partiu pra cima dele, e como num movimento único os dois rolaram pelo chão, quando se ouve um estrondo, o ultimo estrondo que Dereck ouviria. Um tiro o acertara bem em seu coração, e pela ultima vez, Lucy viu o sorriso de seu amigo que conseguiu dizer somente sua ultima palavra com seus olhos cheios de lágrimas:
-Always.
E então, Dereck e Courtney acolheram a morte como uma velha amiga.

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